22.2.07

Do Livro das Oferendas...

Stefan George (1868-1933)

A palavra

para o Jorge L.


Trouxe para a minha terra, até à fronteira,
Sonhos, prodígios de terra estrangeira

Esperei que a sombria Norna aparecesse
E do fundo do seu poço as nomeasse –

Só então os senti minha pertença
E toda a Marca se encheu de luz intensa...

Um dia volto de viagem proveitosa
Com uma jóia fina e preciosa.

Ela busca, rebusca, e diz por fim:
«Neste meu poço não dorme nada assim.»

No mesmo instante fiquei de mão vazia
E minha terra sem o tesouro que trazia...

E aprendi a renúncia, a lição triste:
Onde falta a palavra, a coisa não existe.